O tribunal midiático contra o partido do duende barbudo

Retornando do autoexílio da respeitável nação que me concebeu , tomei a sábia resolução de voltar a terra que me ensinou o apreço pelas irreprocháveis instituições democráticas que cultiva desde que se tornou república , quando veio abaixo o decrépito governo imperial . Pensava num retorno triunfante, glorioso , pois contaram-me que a República dos Paletós Intocáveis havia se tornado bússola para as outras nações da "América de Bermuda", uma pátria modelo que se apresenta como o titã político da "América descamisada". Porém, ao chegar à minha "homeland" deparei-me com notícias que me deram um grande susto. O gigante dos trópicos passa por uma grande crise política e econômica , tudo isso calculadamente aumentado pelo "Tribunal Midiático", que parece empregar todas as energias e moedas num golpe letal contra o Partido do duende barbudo , que ocupa o trono republicano há mais de um decênio . Assim que pus os pés na minha pátria depois de tão longo exílio  busquei saber tudo sobre os "donos do tesouro" e de como eles conduziam a desajustada nau dos paletós intocáveis . Então dei início a leituras infindáveis de jornais e revistas , além de usar a máquina retangular e toda sorte de parafernália tecnológica que se tornaram fontes de informação.
Depois dessa inglória clausura intelectual , perdi-me no meio de panfletos que quando não apontavam o partido do duende barbudo como o causador de todos os males da terra enveredavam-se numa defesa intransigente das tão aclamadas "conquista sociais" do atual governo da atrapalhada democracia tupiniquim. Decidido  a tornar-me um filósofo da arte da política , esquadrinhei Maquiavel , Hobbes e outros grandes pensadores da política  e não esqueci dos gregos , os semeadores do conhecimento da Civilização Ocidental . Mas quanto mais me aprofundava em leituras densas , mais percebia a inutilidade e a inviabilidade de um estado empenhado na realização do bem comum num inóspito lugar como a república dos Paletós Intocáveis ...
Mas não pretendo fazer floreios desnecessários e cansar o leitor com palavras vácuas , pois nunca simpatizei com a poesia parnasiana , então quero vos falar sobre um curioso momento política que teve início no ano passado , na época em que o desafortunado povo desse país pode opinar sobre os escusos desígnios desse colossal estado generosamente cravado na "américa de bermuda".
Segundo os jornais e revistas que li , desde o ano passado os agentes da lei cavaram e descobriram um esplendido esquema criminoso , que colocava a cabeça da presidenta na "bandeja para Salomé".
O tribunal de corvos pôs sebo as canelas e num passe de mágica sabia a estória do esquema criminoso da empresa vendedora de "óleo "e se apressou em montar o tribunal , escolher réus e cumprir o nobre propósito de julgar os "ladrões da nação", pois nos paletós intocáveis , os meios de comunicação também cumprem o papel dos homens de toga , que são os verdadeiros juízes da nação. Mesmo desconhecendo brilhantemente a carta magna, os corvos midiáticos adiantam-se em julgar os malfeitos praticados pelos cidadãos dessa estéril república e julgam mesmo com um rigor e a autoridade de um dos "homens de manto preto", tomando ,às vezes , os corvos que exercem o glorioso ofício do jornalismo, ares de um Sêneca ou Aristóteles ...
Depois que os agentes policiais iniciaram a investigação sobre os desvios das moedas do baú da empresa vendedora de "óleo" por aqueles que deveriam conduzir com ética suas finanças , criou-se um folhetim diário de notícias que alvejavam exclusivamente a chefe da nação tupi e o partido do duende barbudo , fazendo jorrar papéis e toda espécie de documentos que sendo lançados aos olhos do povo com explicações rasteiras , tentavam explicar  uma equação canhestra , cujo objetivo se apresentava com clareza : coroar com os louros da vitória o partido do " criador da moeda salvadora", que tinha o candidato da antiga província do ouro como principal rival da presidenta dos paletós intocáveis.
   O tribunal midiático labutou incansavelmente para devolver o comando do país ao partido do" criador da moeda salvadora" e gastou quixotescamente todos os coringas no imprevisível e pútrido jogo da política maquiavélica que aqui se pratica , no entanto , acostumado a eleger os mandachuvas, sem grandes sacadas de inteligência, não esperava que o povo recusasse o sermão diário de ódio ao partido do duende barbudo e reelegesse a mulher de dentes cavalares para dar continuidade  ao projeto de redução da miséria , mesmo que tal projeto não tenha rompido com a arcaica estrutura social dessa república a meio caminho .
A república dos paletós intocáveis é mesmo um pais singular , pois não há democracia no mundo em que a imprensa se mostre tão preocupada em manter a população alienada de informação e consciência política...  

    

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