A república dos diplomas

 Há algum tempo o acesso aos templos dos saberes científicos  deixou de ser um privilégio da nobreza da república dos paletós intocáveis . Após o reinado do " duende barbudo", as escolas de erudição abriram-se para as massas populares e o sagrado conhecimento da ciência , que fora durante tanto tempo reservado apenas aos escribas e fariseus tropicais , passou  ao alcance do povo . O "rei dos pobres" prometera governar para os "párias" da república dos Bois , pois também o próprio rei não era de origem nobiliárquica , sendo mais um migrante miserável da "região das facas afiadas" que conseguira tornar-se operário na " grande província", assumira nos seus discursos um compromisso inquebrantável com os pobres da nação e uma de suas promessas foi assegurar aos "párias" o direito ao ingresso nos "templos do saber " . O sábio governante tupiniquim fundou escolas de erudição até onde os ventos não alcançam para honrar sua palavra , porém, esqueceu de que antes da erudição , o povo tupiniquim precisaria ser alfabetizado e adquirir os conhecimentos científicos mais elementares , para que , desse modo, adquirissem as credenciais necessárias para ocupar as cadeiras dos templos do saber . Então enfiaram uma massa de indivíduos analfabetos dentro das escolas de ciência , a fim de que os " descamisados" da nação também pudessem se tornar homens diplomados e respeitáveis , versados nas mais diversas áreas do saber científico , assim , a república dos bois passou mesmo a fabricar diplomas em escala industrial , e num passe de mágica fez desaparecer todos os analfabetos desta infértil democracia tropical . Muitos habitantes deste rabisco de república acreditam que o " monarca dos trabalhadores" operou o "milagre do diploma" e não se cansam de atribuir ao " pai dos pobres" a façanha de permitir que o povo entrasse nas casas de erudição . Se antes do " duende barbudo" sobravam analfabetos e faltavam diplomas , agora faltam analfabetos para tantos diplomas...

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