Uma monarquia nos trópicos
Dizem que na América do sul , logo após o processo de independência formaram-se apenas repúblicas , com uma única exceção , a minha vexatória pátria : a república dos paletós intocáveis!
No século XIX quando se desencadearam as lutas de independência na américa latina , todos os países se fizeram repúblicas , copiando a América de paletó , porém , aqui se deu de outra forma , tendo como libertador um membro da família real portuguesa , a grandiosa nação tupiniquim permaneceu sob os grilhões dos seus invasores e tornou-se a única monarquia a se formar depois de se tornar independente de Portugal e sendo monarquia continuava governada por uma figura despótica , tirânica ... D. Pedro o proclamador da república cantado em hino nacional foi então coroado o primeiro imperador do povo tupiniquim , depois ainda tivemos que nos curvar diante de a um segundo imperador até chegarmos ao regime criado na antiguidade pelo império romano... E eis que finalmente a colônia portuguesa da américa maltrapilha toma consciência do seu atraso e forma-se numa república , ainda que traga todos os vícios do feudalismo !Um ano antes, a princesa Isabel , que assim como o nosso libertador das margens do rio Ipiranga , também era da família real portuguesa assina o fim da escravatura , despejando os escravos das senzalas para os morros, que se constituíram em bolsões de pobreza e miséria a que hoje chamamos de "favela"... A nação tupiniquim deve mesmo se orgulhar de tão épica história e de todos os seus heróis que nos agraciam com tantos feriados. E o dia da abolição ! Quanta festa para celebrar o eterno ostracismo social a que foram sentenciados os africanos escravizados na república dos paletós intocáveis... E quanto aos índios ,que eficaz trabalho de extermínio não cumpriram estes nossos invasores ... Invasores?! Na escola nos ensinaram a chama-los de colonizadores e civilizadores , pois lhes foi dada uma grande missão: destruir os nativos do novo mundo e implantar seus projetos de exportação de " comida e tesouros tropicais" e chegaram mesmo a afirmar que tão funesto trabalho era Bíblico, pois os nossos índios não conheciam o Cristo e precisavam ser catequizados ! Vieram então os Jesuítas com o crucifixo na mão e viu-se muito sangue ... Os engenhos e mais sangue... As bandeiras e formava-se já um mar de sangue para macular a irreprochável missão civilizatória destes nossos heróis ! Dito tudo isso , caro leitor, podemos compreender porque a nossa república insiste em retroceder a idade média ... A lei áurea foi realmente assinada?! O povo tupiniquim tornou-se mesmo uma república com as armas do Marechal? E ainda quantos séculos nos falta para superarmos as relações de vassalagem e a condição de servos dos mais pobres? Até quando os sopros da modernidade continuarão a se desviar da república dos paletós intocáveis? Até quando cantaremos " de um povo heroico um brado retumbante" com a dignidade interpretada e ensaiada das formalidades?! Até quando seremos uma monarquia ensolarada esperando o verão?!
No século XIX quando se desencadearam as lutas de independência na américa latina , todos os países se fizeram repúblicas , copiando a América de paletó , porém , aqui se deu de outra forma , tendo como libertador um membro da família real portuguesa , a grandiosa nação tupiniquim permaneceu sob os grilhões dos seus invasores e tornou-se a única monarquia a se formar depois de se tornar independente de Portugal e sendo monarquia continuava governada por uma figura despótica , tirânica ... D. Pedro o proclamador da república cantado em hino nacional foi então coroado o primeiro imperador do povo tupiniquim , depois ainda tivemos que nos curvar diante de a um segundo imperador até chegarmos ao regime criado na antiguidade pelo império romano... E eis que finalmente a colônia portuguesa da américa maltrapilha toma consciência do seu atraso e forma-se numa república , ainda que traga todos os vícios do feudalismo !Um ano antes, a princesa Isabel , que assim como o nosso libertador das margens do rio Ipiranga , também era da família real portuguesa assina o fim da escravatura , despejando os escravos das senzalas para os morros, que se constituíram em bolsões de pobreza e miséria a que hoje chamamos de "favela"... A nação tupiniquim deve mesmo se orgulhar de tão épica história e de todos os seus heróis que nos agraciam com tantos feriados. E o dia da abolição ! Quanta festa para celebrar o eterno ostracismo social a que foram sentenciados os africanos escravizados na república dos paletós intocáveis... E quanto aos índios ,que eficaz trabalho de extermínio não cumpriram estes nossos invasores ... Invasores?! Na escola nos ensinaram a chama-los de colonizadores e civilizadores , pois lhes foi dada uma grande missão: destruir os nativos do novo mundo e implantar seus projetos de exportação de " comida e tesouros tropicais" e chegaram mesmo a afirmar que tão funesto trabalho era Bíblico, pois os nossos índios não conheciam o Cristo e precisavam ser catequizados ! Vieram então os Jesuítas com o crucifixo na mão e viu-se muito sangue ... Os engenhos e mais sangue... As bandeiras e formava-se já um mar de sangue para macular a irreprochável missão civilizatória destes nossos heróis ! Dito tudo isso , caro leitor, podemos compreender porque a nossa república insiste em retroceder a idade média ... A lei áurea foi realmente assinada?! O povo tupiniquim tornou-se mesmo uma república com as armas do Marechal? E ainda quantos séculos nos falta para superarmos as relações de vassalagem e a condição de servos dos mais pobres? Até quando os sopros da modernidade continuarão a se desviar da república dos paletós intocáveis? Até quando cantaremos " de um povo heroico um brado retumbante" com a dignidade interpretada e ensaiada das formalidades?! Até quando seremos uma monarquia ensolarada esperando o verão?!
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