Um novo senhor para o feudo tropical

A república dos paletós intocáveis é mesmo uma democracia irreprochável , cujo imaculado modelo poderia ser copiado por todos os seus vizinhos da América descamisada e ainda pelos ianques , a grande potência mundial ... Embora suas virtudes institucionais sejam consideradas umas das mais avançadas entre os países das chamadas "economias emergentes" , seu atual cacique-mor comporta-se como um desvairado e deselegante Luís XIV , fazendo da república dos paletós intocáveis uma extensão do seu feudo e do povo súditos , que precisam pagar a alta conta do luxo dos palácios onde transitam os aristocratas da atabalhoada corte tupiniquim. Este senhor feudal desejava muito se tornar o rei desta monarquia tropical que se finge república para se encaixar no quadro político do liberalismo ocidental , mas seu grupo de aristocratas sempre formara o partido político que nunca elegera caciques , mas sempre ocupava o maior número de cadeiras no parlamento , o que lhe conferia amplos poderes diante do partido que elegesse o rei... Mas eis que numa arquitetura política maquiavélica, o grande cacique e seu séquito de legisladores comprados manobram as leis da carta magna da nação cabocla e derrubam a rainha , que pertence ao grupo do partido do duende barbudo, que se diz o maior defensor dos pobres desta pálida república ensolarada. Com argumentos jurídicos que mais se assemelhavam a fantasia dos enredos das novelas de televisão , formou-se qual num filme americano o grupo do capitão américa , pronto para salvar a etérea república dos paletós intocáveis da crise do "dragão" e conduzir o navio desgovernado tupiniquim para longe da tempestade e esfacelar o grupo do duende barbudo, acusado de saquear o povo durante o período que governou o povo deste estéril estado e ter provocado a indomável inflação com suas sucessivas  trapalhadas econômicas. Então apresentaram através das aves de rapina da máquina retangular a solução mágica para por fim a ladroagem do partido dos encaixadores de peças: derrubar a rainha utilizando uma retórica democrática , sem fugir das normas da carta suprema das leis tupiniquins! A rainha não tinha as mesmas habilidades necessárias na elevada arte da política para negociar com o partido do vice-rei . Já seu antecessor , o duende barbudo , que logo aprendera no sindicato os meandros e curvas que os discursos inflamados das ruas ganhavam nos gabinetes de toda sorte de políticos , sabia que a política nada mais era que uma transação comercial , um balcão de negócios , onde para ganhar era preciso perder...
Depois de duros golpes a rainha não resistiu e o vice-rei , um dos maiores senhores feudais deste nosso teatro democrático finalmente alcançara o posto que sempre sonhara desde que iniciara na política, tornou-se rei sem coroa e cetro , só não lhe falta a altivez dos reis do passado , que ele exibe sempre assumindo uma postura rígida no alto de seu pedestal, qual um Jeca caboclo fazendo ares de aristocrata europeu... De acordo com a televisão , a república dos paletós intocáveis precisava mesmo de um "negociador de acordos", sempre disposto a comprar votos dos fazedores de leis , acariciar os latifundiários e destruir populações ribeirinhas e indígenas em nome de estratosféricos projetos econômicos. Eis que temos neste nosso rei todas as credenciais necessárias para conduzir esta nossa caravela rumo ao lema da nossa bandeira: ordem e progresso!

Comentários

Postagens mais visitadas