Matando a criatividade

                               
Devo confessar que sou um incurável amante da música produzida nos países fazedores de neve , especialmente da América de paletó  e da nação que ostenta sua decrépita família real , revestida dos mais nobres tecidos , fazendo reluzir  no humilde rosto da plebe a pompa dos seus diamantes e ouros. Mas não vos quero falar sobre o sistema de castas britânico e sobre seus nobres homens  a quem cultivo uma imensurável admiração , quero vos mostrar a máquina que mata artistas de alta estirpe , homens com uma vocação artística que provocaram verdadeiras revoluções na música popular dos países dos caucasianos e que por alguma inadequação as engrenagens do " sistema" foram impiedosamente triturados .
Para muitos , artistas e sobretudo músicos de rock n' roll , são drogados incontroláveis, seres desprezíveis e incapazes de viver de maneira sóbria e ter uma família cristã ! Em verdade vos digo que há algumas décadas atrás , nos primórdios do rock n' roll , quando surgiram as bandas e artistas que se tornaram emblemáticos , emergiram  grandes poetas ! Mas havia também as aves de rapina ou deveria chama-los de empresários ou homens de negócios ... Nos anos 60 fala-se muito do The Beatles , The Rolling Stones , The Who  entre outros grupos de rock , mas vou me deter a falar de outros artistas que também marcaram essa quimérica década: Jim Morrison e Jimi Hendrix. Não foi sem nenhuma razão que os escolhi , caro leitor! Percebi nesses artistas um tipo de comportamento que os conduzia a maré contrária da inexpugnável máquina do entretenimento , máquina conduzida, controlada e calculada pelos homens de negócios ,indivíduos que nunca percebem o real valor do artista em termos artísticos , mas que tão somente pensam nos músicos como produtos a serem embalados e lançados no mercado como um pacote de batatas fritas!Eis tudo sobre essa ilustre classe de profissionais: calculam , criam uma agenda de shows que torna o elevado ofício da música numa simples máquina caça-níqueis, pronta para vomitar cédulas nos seus polpudos bolsos de linho! Um artífice da palavra como Jim Morrison , que produziu poemas , que quando musicados pelos seus companheiros do The Doors, se tornaram hits e acabaram caindo na ardilosa teia do show business , fazendo da beleza do cantor e letrista o apelo comercial que garantiria a gravadora seu pote de ouro. As aves de rapina do " sistema" negligenciavam o lirismo das letras escritas por Morrison , queriam apenas o homem alto, esbelto e sexy para vender como rock star . Mas Jim reclamava seu papel de artista , publicou livros de poesia , engordou e deixou a barba crescer , percebera a manipulação vampiresca de sua imagem pela "máquina", que pouco interessada em arte , perseguia moedas . Morreu aos 27 anos em Paris...
Na mesma década a guitarra elétrica estrondaria Londres nos longos e hábeis dedos de  Jimi Hendrix , que além de guitarrista , escrevia letras e cantava. Assim como Jim Morrison , Hendrix era obcecado por blues e nunca se adaptara ao formato de música das rádios: curtas e com refrões ! Sempre fizera um tipo de música elaborada com longas improvisações , mas novamente o " stablishment" de paletó e gravata negava a outro gênio criativo  a sua liberdade ! Turnê com o The Monkees para encher a maleta ... Músicas de dois minutos para tocar nas rádios... Empacotaram e venderam o produto ...
Jimmi Hendrix fora sem sombra de dúvida um showman , que amava a adrenalina do palco , os gritos dos espectadores , os olhos assustados daqueles que nunca tinham visto ninguém tocar guitarra com os dentes , ou as mãos voltadas para as costas ... Mas aquilo que significa o maior prazer de sua vida tornara-se  um tormento. As gravatas , porém, impunham-lhe uma ininterrupta agenda de espetáculos . Queriam um show atrás do outro , um escravo que lhes assegurasse uma fortuna imediata , apartamentos em Nova Iorque e uma robusta aposentadoria , embalaram o tímido menino de Seattle para as gôndolas do supermercados... Também morreu aos 27 ...
        

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