A margem do tesouro ou à margem do tesouro?

A mais fulgurante das economias tropicais tornou-se notável pelo comércio de açúcar logo depois do  "processo civilizatório" imposto aos nativos da república dos paletós intocáveis pelos fidalgos portugueses que aqui se instalaram e , como nos ensinam nas escolas, fundaram aqui uma "sociedade cristão e civilizada" . Com o passar do tempo a aristocracia latifundiária da américa lusitana deu passos evolutivos e hoje seu grande coringa comercial são os bois . Se esta nobreza exportadora de carne bovina forma a nossa esquálida corte tupiniquim , é preciso dizer que há um grupo de cidadãos que não podem ser chamados de pobres , pois apesar de lhes faltar o brasão , a ascendência fidalga e os bois , sobra-lhes dinheiro , uma vocação extraordinária para a "vitória" acrescida a uma crença inabalável de que a entidade divina os escolheu para o seleto grupo dos "vencedores". São homens de grande valor para a sociedade , pois que, tendo nascido em condições sociais desfavoráveis , demonstraram uma incrível capacidade de acumulação de capital através do trabalho e saltaram para a nobreza . Ainda que sem as credenciais de nascimento exigidas de um legitimo aristocrata , meteram-se a todo custo na corte e adquiriram o estranho hábito de contar a data de nascimento a partir do momento que alcançaram a outra margem do rio , a margem onde fica guardada o tesouro da nação , pois a república dos paletós intocáveis é cortada por um rio e enquanto uma de suas margens há fartura de alimento , castelos , príncipes e reis , a outra teve que contentar-se com a miséria , as cabanas e os párias desta afortunada sociedade em vias de desenvolvimento ... Os indivíduos que conseguem realizar o perseguido milagre do " alpinismo social" são os que conseguem atravessar a longa travessia do rio e chegar à margem do tesouro e são capazes de qualquer coisa para não retornar ao outro lado , porque lhes é insuportável a ideia voltar a conviver com os " párias" , homens que de acordo o "pensamento geral" não foram talhados para o trabalho que conduz a vitória .  Os novos-ricos os chamam de preguiçosos ou desleixados , pois não admitem que um cidadão , sendo de família modesta  e tendo condições de frequentar as Universidades rejeite as profissões mais elevadas da nação , que além de serem rentáveis , conferem o merecido pronome de " doutor" aos párias promovidos a novos-ricos . Também chamado de emergentes , esses nobres desprovidos de linhagem e sangue azul acreditam que o suprema meta humana é o dinheiro e a intransigente penetração nos ambientes da aristocracia . Eis algumas coisas sobre estes brilhantes sacerdotes do capitalismo , bravos navegadores sempre prontos a alcançar "a margem do ouro" e nunca ficar à margem do tesouro...

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