Um paciente brasileiro ou um brasileiro paciente?

Entrara no lugar onde se tratam doentes e apresentando os documentos requeridos pela cortês atendente , perguntou-lhe sobre o procedimento médico de que necessitava e o paciente rebatera -lhe que precisava retirar " dois pontos" da testa pois machucara-se lhe a cabeça na semana passada quando estava a se preparar para fazer alguma coisa em seu quarto e tinha feito o procedimento dos " pontos" como se diz vulgarmente dessa pequena operação médica feita em casos de grandes ou médios cortes naquele mesmo lugar e num tom polido a recepcionista perguntara ao paciente sobre o relatório permitindo que ele tivesse acesso àquele procedimento, o homem que necessitava de uma simples retirada de " dois pontos" , pois o corte já tinha se firmado em cicatriz indagou com alguma indignação: - não me foi dado nenhum relatório pelo médico , o que a empresa me orienta a fazer?
Então a impassível gentileza da mulher que atendia os clientes respondeu:- o senhor só pode retirar "os pontos" com o relatório em mãos , tudo isso dito num tom polido e calmo...
O homem então num arrebato de bravura impacientou-se contra o protocolo da empresa e disparou:- Esses pontos custam metade do meu salário e a empresa me pede um relatório para retirar "dois pontos" da testa?! Aquele simples homem trajado em vestes maltrapilhas estava confuso e irritado , não compreendia a necessidade que a sua pátria tinha de revestir a mais ínfima formalidade em dúzias de papéis e relatórios , parecia o personagem kafkiano da roça às portas da lei ... A recepcionista um pouco desconcertada com a insatisfação do paciente apresentou-lhe uma solução:- vou perguntar à médica se ela pode fazer o procedimento sem o relatório. Mas diante daquela resposta burocrática o "cliente" enfureceu-se e alvejou : por que nesse país para tudo se pede um pedaço de papel?! Estou num hospital privado com todos os impostos , tributos e taxas pagos a esse bando de parasitas engravatados e a senhora me pede um maldito relatório?!-Estou farto de tantas exigências burocráticas , vou buscar atendimento em outro lugar! Sentenciou o homem já enfurecido.
Então a atendente foi buscar a solução daquele complexo teorema de estupidez burocrática dirigindo-se a um de seus superiores e eis que veio a solução: aquele impaciente brasileiro seria finalmente atendido pelo " doutor" fulano ! Com a resposta positiva da mulher aquele paciente brasileiro foi orientado a sentar-se e aguardar...

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